Em seu livro "Crianças de Fibra", a fotógrafa lolanda Huzak e a jornalista Jô Azevedo retrataram a dura realidade do trabalho infantil nas mais diversas áreas, como a cultura canavieira, a extração de carvão, a colheita de frutos e vegetais, o trabalho doméstico, o cultivo do fumo, a entrega de jornais, a produção de louça, etc. Ao tratar do labor em aterros sanitários, as autoras mencionaram o depoimento da catadora de lixo lona, de 11 anos, que " sonha achar uma boneca Barbie no meio do lixo" e assim disse: " É muito ruim ser criança. Ela se sai mal quando o caminhão chega. As mais arretadas saem direto pro carro com o casquéro. Mas a gente que tem medo vai trabalhando nas espraiadas. Porque tem muita gente abestada mesmo, que não pode ver a gente pegar uma lata, que pode até matar por isso. Vão com tudo em cima, não importa se matar, furar. Já morreu gente nessa arrumação. As crianças catam com a mão, com paus. Perigoso. Uma amiga minha não viu um caco e cortou a mão. Depois tem esse movimento de caminhão, trator, tudo em cima, muito perigoso. Um menino morreu atropelado; e uma mulher, buchuda, o trator passou em cima" (lolanda Huzak e Jô Azevedo. Crianças de Fibra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994, p. 81/82). Ao abordar do trabalho na entrega de jornais, apontaram Francisco, que labora nessa atividade desde os 10 anos e assim relatou: "O mais difícil é o final de semana. Tem de sair do jornal e já ir vendendo, no sinal nos bairros onde o pessoal compra mais, na Aldeota, onde tem shopping e as pessoas vão pra restaurante, cinema. Vende mais que domingo de manhã, se for até uma, duas da manhã. A gente conhece vigias que pastoram a gente de noite. A gente dorme e levanta no domingo, cedinho, pra vender o resto. Merenda a gente não ganha não, então passa numa pizzaria e dão alguma coisa" (idem, p. 72).
Considere que lona foi contratada por empresa que explora a reciclagem de lixo para trabalhar como catadora no aterro sanitário e que os horários de seu trabalho a impedem de ir para a escola.
Considere que Francisco foi contratado por empresa que comercializa a venda de jornais e, no exercício da atividade, ele carrega sacolões de 30Kg de jornal diariamente.
Sob a premissa de que ambos relataram suas reais condições de labor, indique:
a) quais foram as normas protetivas violadas pelo trabalho a que se submeteram cada um deles;
b) que medidas devem ser adotadas em relação ao trabalho de ambos;
c) se lona faz jus ao pagamento de FGTS;
d) se é possível regularizar a atuação de Francisco como menor jornaleiro;
e) é cabível a ação inibitória nesses casos? Fundamente sem atavios.
(Legislação) | CLT - Consolidação das Leis do Trabalho |
QUESTÃO
PEÇA
SENTENÇA